Quando você tenta mudar, você se manipula e se tortura, ficando dividido entre uma parte sua que quer se modificar e outra que resiste à mudança. Mesmo se conseguir mudar desta forma, o preço é conflito, confusão e incerteza. Usualmente, quanto mais você tenta mudar, pior se torna sua situação.

Antes de tentar se modificar, impedir ou evitar algo que não gosta em si mesmo, é mais efetivo tornar-se mais consciente do que já existe em você. Você não pode melhorar sua própria forma de atuar, pode somente interferir, distorcendo-a ou disfarçando-a. Quando você entra em contato com sua própria experienciação, descobre que a mudança ocorre, sem esforço ou planejamento. Com consciência total você pode deixar acontecer o que tiver que acontecer, com a confiança de que vai dar certo. Você pode aprender como se soltar, viver e deixar fluir o que com você ocorre e aquilo que experiencia, sem frustrar-se com exigências de ser diferente. Toda energia que é mobilizada para a batalha entre mudar e resistir à mudança pode ser usada na participação ativa ou passiva do que acontece em sua vida. A abordagem terapêutica proposta não lhe dará respostas para os problemas da sua existência, mas utensílios que você poderá usar para explorar sua vida, simplificar e esclarecer seus problemas e confusões e ajudá-lo a descobrir suas respostas.

A Terapia Cognitivo Comportamental além de possuir uma vertente psicoeducativa, utiliza uma variedade de técnicas cognitivas e comportamentais que auxiliam na mudança de pensamentos, humor e comportamentos.

Diversas destas técnicas são utilizadas como vivências no ambiente terapêutico.

O objetivo é auxiliar a pessoa interessada, a ampliar suas possibilidades de experiência, em desenvolver novos sentidos para sua vida, em aumentar sua capacidade de contato consigo mesma, com os outros e com os acontecimentos.

A consciência cognitiva e comportamental é algo básico, que a pessoa pode descobrir através da sua própria vivência, tanto no ambiente terapêutico como no seu ambiente social, familiar, etc.

Seja você mesmo, e não mais imagens... aprenda a responder ao outro e ao mundo diretamente e chegue junto a uma honesta responsabilidade (response-ability)!

TCC - Terapia Cognitivo Comportamental

A terapia cognitivo-comportamental abrange uma variedade de mais de 20 abordagens dentro do modelo cognitivo e cognitivo-comportamental. Três propostas fundamentais delineiam as características que estão no núcleo das terapias cognitivo-comportamentais: 

1ª. A atividade cognitiva influencia o comportamento; 

2ª. A atividade cognitiva pode ser monitorada e alterada; 

3ª. O comportamento desejado pode ser influenciado mediante a mudança cognitiva. 

A terapia cognitivo-comportamental (TCC) focaliza seu trabalho na identificação e correção de padrões de pensamento conscientes e inconscientes (que não estão imediatamente acessíveis à consciência). O levantamento das possíveis hipóteses de por que as coisas na vida do paciente são como são e a testagem empírica quanto à exatidão e/ou validade de cada uma dessas hipóteses fazem parte do processo terapêutico. 
A TCC baseia-se na premissa de que a inter-relação entre cognição, emoção e comportamento está implicada no funcionamento normal do ser humano. Um evento comum do nosso cotidiano pode gerar diferentes formas de sentir e agir em diferentes pessoas, mas não é o evento em si que gera as emoções e os comportamentos, mas sim o que nós pensamos sobre o evento; nossas emoções e comportamentos estão influenciados pelo que pensamos. Nós sentimos o que pensamos, os quais geram, como conseqüência, as emoções e os comportamentos. 
As distorções do pensamento, isto é, as distorções cognitivas, são bastante prevalentes em diferentes transtornos. Distorções cognitivas são vieses sistemáticos na forma como indivíduos interpretam suas experiências. Se a situação é avaliada erroneamente, essas distorções podem amplificar o impacto das percepções falhas. As distorções cognitivas podem levar o indivíduo a conclusões equivocadas mesmo quando sua percepção da situação está acurada. O objetivo da TCC é corrigir as distorções do pensamento. 
Porém é importante saber que a TCC não é um modelo linear em que “as situações ativam pensamentos, que geram uma conseqüência com resposta emocional, comportamental e física”. Há uma interação recíproca de pensamentos, sentimentos, comportamentos, fisiologia e ambiente. O trabalho da terapia cognitiva inicia com a avaliação e modificação dos pensamentos, porque a alteração destes pode gerar um impacto em todos os outros componentes. 
O processamento de informações, tanto consciente quanto inconsciente, refere-se à transformação, governada por regras, das representações mentais. Nos problemas psicológicos, o pensamento do indivíduo torna-se não somente mais distorcido, como também mais rígido; os julgamentos tornam-se absolutos e generalizados; e suas crenças fundamentais, mais inflexíveis. Um dos trabalhos básicos da TCC é não só ensinar o paciente a identificar, examinar e modificar as distorções do pensamento para retomar um processamento de informações mais preciso, mas torná-lo mais flexível e não-absoluto na avaliação dos eventos. 
A interação de vários fatores (genéticos, ambientais, culturais, físicos, familiares, de desenvolvimento e personalidade) predispõe o indivíduo à vulnerabilidade cognitiva. Essas interações e interfaces de todos esses fatores entram na formação das crenças e dos pressupostos idiossincráticos de si mesmo, das pessoas e do mundo, determinando quais eventos de vida irão acionar reações mal-adaptativas. 
Embora a TCC seja geralmente identificada com intervenções delineadas para modificação de pensamentos, essa é apenas uma das muitas formas de intervenção. Se as emoções não forem trabalhadas, o tratamento cognitivo pode tornar-se apenas uma troca intelectual, o que não teria sentido terapêutico. Sem a presença do afeto, a reestruturação cognitiva do paciente não acontece. Além disso, temos que considerar que os padrões de comportamento também possuem um “feedback” da disfunção emocional e cognitiva e, portanto, também precisam ser trabalhados. 
O objetivo inicial da TCC é o de quebrar o ciclo que perpetua e amplifica os problemas do indivíduo. Isso pode ser feito por meio de técnicas para a modificação dos pensamentos automáticos, para a melhora no humor, para a eliminação do impacto de tendenciosidade no humor (trabalhando memórias e percepções) ou para a modificação dos comportamentos do paciente. 
Na TCC o terapeuta não provê as soluções nem persuade o paciente da incorreção dos pensamentos. O terapeuta guia o paciente para a descoberta, utilizando simples questionamentos (perguntas com respostas abertas) e assim vai orientando o paciente de forma que ele entenda seu problema, explore possíveis soluções e desenvolva um plano para lidar com as dificuldades. 
Uma das primeiras intervenções usadas na TCC é ensinar o paciente a identificar os pensamentos automáticos que ocorrem em situações problemáticas, a reconhecer os efeitos que eles produzem em suas emoções e comportamentos e a responder de forma eficaz a esses pensamentos que causam dificuldade. 
Embora a apresentação do modelo cognitivo-comportamental possa ser feita como uma explicação didática ao paciente, geralmente é mais fácil e mais eficaz usar a descoberta guiada e basear a explicação dos pensamentos, sentimentos, comportamentos e suas correlações em um situação vivenciada pelo paciente. 

Para concluir, podemos resumir os princípios da terapia cognitivo-comportamental da seguinte forma: 

1ª. É uma terapia focal fundamentada no modelo teórico que estipula que estão envolvidas cognições disfuncionais nos transtornos psicológicos. 

2ª. Focaliza seu trabalho no exame e na correção de distorções nos três níveis de cognição: pensamentos automáticos, pressupostos subjacentes e crenças nucleares (também chamadas de esquemas). 

3ª. É psicoeducativa. 

4ª. Utiliza uma variedade de técnicas cognitivas e comportamentais para modificar pensamentos, humor e comportamentos. 

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