Teste Vestibular em Pacientes com Transtorno de Pânico e Vertigem Crônica

     Este estudo investigado por Roberto Teggi et al procurou encontrar a relação existente entre vertigem crônica e a função vestibular em pacientes com transtorno de pânico, pois tais pacientes costumam relatar com frequência sintomas de tontura e afins, sensações de vertigem ou instabilidade que interferem ocasionando prejuízos funcionais em suas vidas diárias.

    Muitos estudos já investigaram estes sintomas em pacientes com transtorno de pânico ligando-os ao mau funcionamento ou anormalidades do sistema vestibular com manifestações ou não de vertigem.

    Teggi aponta que alguns estudos, como o de Swinson et al, sugeriram que a tontura em relatos de ataque de pânico podem ser preditores de anormalidades vestibulares em pacientes com transtorno de pânico, contudo não encontraram anormalidades na eletronistagmografia e na prova calórica em pacientes com transtorno de pânico com tontura proeminente.

    Portanto, o estudo de Teggi et al se propôs a esclarecer a relação entre vertigem e função vestibular em pacientes com transtorno de pânico com tontura crônica entre ataques de pânico e indivíduos com tontura crônica sem transtorno de pânico.

    Nestes dois grupos os indivíduos foram submetidos à triagem para otoneurologia espontânea, posicional e nistagmo de posicionamento com testes de agitação de cabeça e de impulso de cabeça, uma vez que ambos os testes foram considerados significativos para a detecção de disfunção vestibular periférica.

    A avaliação da função vestibular foi feita por uma eletronistagmografia e com otocalorímetro para a prova calórica bilateral, onde os indivíduos usaram um par de óculos de Frenzel, com a cabeça em 30º de anteroflexão a partir da posição supina, em um quarto pouco iluminado e cujo intervalo entre os estímulos fora de 5 minutos.

Foram considerados como sinais de vestibular central pelo menos uma das seguintes conclusões: (1) perseguição desorganizada ou busca de ganho assimétrico, (2) com ou superação de sacadas ou latência ou de velocidade assimétrica, (3) hiperreflexia bilateral, (4) nistagmo de repercussão e (5) nistagmo geotrópico posicional ou apogeotrópico quando bilateral, mudança de direção, não havendo latência, baixa frequência, falta de cansaço e de habituação, sem vertigem concomitante.

    Quanto aos resultados encontrados, os dois grupos não diferiram quanto a distribuição por sexo. Os indivíduos com transtorno de pânico apresentaram maior número significativo de achados patológicos otoneurológicos em comparação com os indivíduos com somente tontura crônica.

     Entretanto, a dimensão das amostras é pequena e os resultados devem ser confirmados em amostras maiores. Tendo em conta estas limitações, os resultados neste estudo indicaram que a maioria dos doentes com transtorno de pânico apresentaram anormalidades vestibulares, principalmente do tipo periférico, além disso, a maioria desses pacientes mostrou prejuízo nos Reflexos Vestíbulo-Oculomotores. Assim, pelo menos em um subgrupo desses pacientes, a queixa de tontura pode não ser um "sintoma" funcional relacionado ao estado de ansiedade, mas estar ligado a um mau funcionamento do sistema vestibular. Já ao contrário, a maioria dos indivíduos com tontura crônica sem transtorno de pânico não apresentaram anormalidades vestibulares; resultados similares têm sido relatados em estudos anteriores. Contudo, excluir uma possível influência de diferentes transtornos psiquiátricos, além de transtorno de pânico, tais como Transtornos Somatoformes ou outros Transtornos de Ansiedade, sobre a queixa de tontura neste grupo de pacientes, não podem ser excluídos. Em geral, os resultados deste estudo de Teggi et al suportam a ideia de que o sistema vestibular pode estar envolvido na fisiopatologia do transtorno de pânico.

    E finalmente, o contínuo estudo sobre a função vestibular pode auxiliar no esclarecimento da relação do transtorno de pânico e o sintomas do sistema vestibular, podendo produzir a partir daí tratamentos mais efetivos neste transtorno envolvendo reabilitação do sistema vestibular associado a outras terapias específicas.

 

REFERÊNCIA

 

Teggi R., Caldirola D., Bondi S., Perna G., Bellodi L. & Bussi M. Vestibular testing in patients with panic disorder and chronic dizziness. Journal List – Acta Otorhinolaryngol Ital. – V. 27(5); Oct. 2007

Bookmark and Share
Bookmark and Share